quinta-feira, 12 de junho de 2014

Teoria da Ligação de Valência (TLV)

FORMA E ESTRUTURA DAS MOLÉCULAS: TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA
Disciplina: Química Geral
Professor Responsável: Romario Victor

Para que Estudar Este Assunto?
A forma das moléculas determina todas as suas características: odores, sabores e sua potencialidade como fármacos. Além de reger reações responsáveis pela manutenção do organismo vivo. Todas as propriedades dos materiais que nos cercam, tais como características de solubilidade; estados físicos, etc., também estão relacionados com a forma das moléculas. O funcionamento cerebral, as percepções; o pensamento; o aprendizado... Tudo isso depende da forma e da maneira como as moléculas se comportam e se alteram. As teorias modernas empregadas para explicar a estrutura eletrônica das moléculas podem ser empregadas para o desenvolvimento de novos materiais metálicos, semicondutores, ligas e etc., todos aptos a transformarem a vida tal como conhecemos atualmente.  Simplesmente por isso estudar o assunto em questão que pode estar na raiz do desenvolvimento de novas tecnologias.  
 Introdução
A aula hoje abordará uma das teorias desenvolvidas para explicar alguns fenômenos intrínsecos relacionados à formação de algumas moléculas, mas precisamente sobre as ligações entre essas moléculas, as ligações químicas. Quando nos referimos a ligações químicas lembramos imediatamente dos três principais tipos de ligações:
Ligação Iônica
Um átomo perde elétrons e outro recebe até que ambos atinjam a configuração de um gás nobre.
Ligação Covalente
Os átomos compartilham elétrons até atingirem a configuração de um gás nobre- principio chamado por Lewis de regra do octeto.
No entanto, algumas teorias foram desenvolvidas para ampliar os conceitos das estruturas de Lewis (principal caracteristica das ligações químicas), entre essas podemos destacar: Teoria do Orbital Molecular e a Teoria da Ligação de Valência (TLV).
Na Teoria do Orbital molecular (que não é o tema da aula de hoje), os elétrons de valência estão deslocalizados, espalhados pela molécula, ou seja, pertencem à molécula como um todo, sendo responsáveis pela estabilidade da mesma.
Ao contrario do que ocorre com a TOM, na Teoria da ligação de valência (TLV), as formulações abordadas por Linus Pauling predizem que os elétrons de valência estão localizados, ou seja, estão entre dois átomos, sendo portanto elétrons compartilhados.
Quando falamos em elétrons localizados isso é apenas uma probabilidade, já que segundo a Dualidade Onda Partícula do Elétron explicada por Enstein, a posição exata de um elétron não pode ser descrita precisamente, apenas de maneira provável, ou seja, a probabilidade de encontra-lo em algum lugar do espaço definido pelo orbital. Esse mesmo princípio pode ser aplicado aos elétrons na molécula, exceto pelo fato de que o volume ocupado pelos elétrons na molécula é maior.
A TLV surge como um aprimoramento da Ligação Covalente ao levar em consideração os Orbitais Atômicos. De maneira geral, é descrita como o primeiro modelo quântico a distribuir os elétrons através de ligações que não foi explicado nem pela ligação covalente e nem pelo modelo VSEPR (Modelo de Repulsão dos pares de elétrons da camada de valência) que ampliou a teoria da ligação química de Lewis para explicar a forma das moléculas e seus ângulos de ligação.
A modelagem descrita pela TLV ultrapassa as teorias de Lewis e o modelo VSEPR e para que ocorra esse tipo de ligação, os átomos precisam conter orbitais semipreenchidos >> Orbitais semipreenchidos se sobrepõem para formar as ligações.
Como uma interpretação da teoria de Lewis sob o ponto de vista da mecânica quântica, a TLV descreve a formação de pares de elétrons de valência compartilhados através dos orbitais atômicos, sem que ocorra, no entanto perda das características de cada um deles.
Formação de Ligações Sigma pela Sobreposição de Orbitais
Um dos principais parâmetros da ligação química é a minimização de repulsões. Os núcleos atômicos com carga positiva se repelem mutuamente, imaginando uma molécula diatômica como o hidrogênio, cada núcleo tem um próton e um próton de um hidrogênio repelo o próton do outro hidrogênio, assim, para que a ligação contribua para a estabilização da molécula é preciso ter a nuvem eletrônica dos elétrons compartilhada entre os núcleos. Observando o Gráfico de Energia Potencial em função da Distância Internuclear é possível observar os fatores energéticos que aparecem durante a formação de uma molécula diatômica como o hidrogênio.

Fonte: UFMG (2014)
A partir do gráfico é possível observar um átomo de origem e um infinitamente separado, à medida que eles se aproximam ocorre interação entre a eletrosfera dos dois átomos, de tal maneira que os elétrons de um átomo são atraídos pelo núcleo do outro átomo. A uma distancia em que a atração e máxima (distancia de equilíbrio), caso os átomos se aproximem mais ainda ocorrem o surgimento de formas repulsivas, geradas pelo núcleo dos átomos, levando a um aumento da energia.
Formação de Ligações Sigma
Tomemos como exemplo a formação da molécula de hidrogênio pela sobreposição de dois orbitais 1s semipreenchidos de dois átomos de hidrogênio. Esses dois orbitais são esféricos e se sobrepõem ou se interpenetram e formam uma molécula de hidrogênio. É gerada então uma região entre os núcleos onde a probabilidade de se encontrar os elétrons é muito alta já que os dois elétrons passam a ocupar de maneira simultâneaos dois orbitais atômicos. Análise semelhante também ocorre durante a formação das moléculas de HCl e Cloro. 
Ligação sigma porque a sobreposição ocorre sobre o eixo que passa entre os dois núcleos dos átomos que participam da ligação. Nesse tipo de ligação tem-se acumulo da densida eletrônica ao redor do núcleo



Hibridização de Orbitais

Mistura de orbitais atômicos com o objetivo de gerar novos orbitais com o arranjo eletrônico característico da forma molecular.
OS ORBITAIS HÍBRIDOS
Apresentarão energia intermediária entre os níveis a partir dos quais foram formados
Podem ser gerados a partir da combinação de dois ou mais orbitais atômicos equivalentes. 
O numero de orbitais híbridos será igual ao numero de orbitais envolvidos na hibridização.
Como ocorre com os orbitais originários, os orbitais híbridos somente podem comportar dois Spins
Mesmo os elétrons não ligantes continuaram atuando como pares isolados mesmo após a hibridização

Orbitais Híbridos sp
Tomando como exemplo a molécula BeF2. A configuração eletrônica para o B e:
É possível observar que nessa molécula não existem elétrons desemparelhados para formar ligações, dessa maneira como essa molécula pode então ser descrita?
Para que a ligação ocorra e sucessivamente seja formada a molécula, dois elétrons do Be serão compartilhados com os elétrons desemparelhados dos átomos de F, para isso:


Um orbital 2s e um orbital 2p irão se misturar e levar à formação de dois orbitais híbridos sp.

Após hibridização, conforme estabelece o modelo VSEPR o ângulo de ligação Fe-Be-Fe para  molécula será de 180°


Orbitais Híbridos sp2
Como explicar a formação do ângulo de 120° para a molécula de BF3.  Em termos de configuração, o Boro apresenta-se da seguinte forma:
No estado fundamental o BF3 apresenta dois elétrons no orbital 2s e um elétron no orbital semiprenchido 2p. De maneira geral, três elétrons do B serão compartilhados com os elétrons desemparelhados dos átomos de F, para isso:

Ocorre a hibridização, a mistura de um orbital s com dois orbitais p para formar 3 orbitais híbridos sp2 cada um com um elétron semipreenchido, permitindo observar também um orbital p puro que não foi hibridizado. Graças a esses três orbitais sp2 a 120º entre si e possível explicar a formação da molécula BF3
De maneira geral, a maior parte as moléculas que apresentam arranjo trigonal plano apresentam orbitais híbridos sp2 no átomo central.
Conclusão
Os conceitos estabelecidos em junção com as análises prévias dos conceitos envolvendo ligações químicas permitem predizer, em primeiro lugar, que as repulsões entre pares de elétrons são responsáveis pela forma das moléculas, seguidamente é possível destacar que as ligações químicas podem e devem ser discutidas a partir de teorias da mecânica quântica que descrevem a distribuição dos elétrons nas moléculas. Dessa forma, para que os conceitos e os termos mais imprescindíveis envolvendo ligações químicas sejam analisados de maneira conjunta sem fragmentação, uma vez que as teorias se completam para explicar o todo. Assim como ocorre com toda a química, não existe uma maneira isolada para a compreensão dos conceitos, existe  a análise individual que parte do núcleo até atingir toda a molécula: do interior para o exterior, do átomo para o universo.
Referencias Bibliográficas
ATKINS, P.; JONES, L. Principios de Química. Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006
UFMG. Universidade Federal de Minas Gerais- Departamento da Área de Química. Teoria da Ligação de Valência. Disponível em: <>. Acesso em 12 de Jun. 2014
UNICAMP. Universidade de Campinas- Instituto de Química. Ligação química e estrutura.Teoria da Ligação de Valência. Disponível em: < http://www.labec.iqm.unicamp.br/cursos/QG101/aula6_4x.pdf>. Acesso em 12 de Jun. 2014
UFRJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro- Instituto de Física. Teoria da Ligação de Valência (TLV). Disponível em: <http://www.if.ufrj.br/~micha/ensino/Disciplinas/QG/Textos/TLV_TOM.pdf>. Acesso em 12 Jun. 2014
USP. Universidade de São Paulo- Instituto de Química. Ligação Covalente: Teoria daLigação de Valência (TLV). Disponível em: <http://www2.iq.usp.br/docente/gcazzell/6_LigacaoCovalente_TLV.pdf>. Acesso em 12 Jun. 2014 

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